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Bloco de Esquerda Viseu: Bairro de Paradinha: habitação social deu lugar a um gueto onde ninguém gosta de viver
sexta-feira, 23 de junho de 2017 Publicado por Unknown

Fernando B. Figueiredo, candidato independente que encabeça a lista do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Viseu, acompanhado por Catarina Vieira, dirigente nacional e distrital do Bloco e primeira candidata na lista à Assembleia Municipal, acompanhados por outros candidatos e dirigentes da Comissão Concelhia de Viseu do BE, visitaram, há poucos dias atrás, o Bairro Social de Paradinha, correspondendo ao convite de alguns moradores. As cerca de 3 horas que durou a visita não chegaram para visitar todas as casas dos moradores que faziam questão de nos mostrar as condições lamentáveis em que vivem.

A Autarquia tem deixado o Bairro ao abandono, o que é bem visível na falta de limpeza e manutenção dos espaços exteriores, com a erva a crescer nos passeios e nos espaços onde as crianças brincam, o que tem originado o aparecimento de ratos, cobras, carraças e outra bicharada que põe em risco a saúde e o seu bem-estar. Há apartamentos que têm sido entregues a novos moradores já bastante degradados, com humidade nas paredes e nos tectos e o piso danificado.

Visitámos, também, apartamentos bastante melhorados e muito acolhedores, mas graças ao esforço e trabalho dos seus locatários. Infelizmente, nem todos o podem fazer devido às suas insuficiências económicas.

É bem notório que a Habisolvis não faz obras no Bairro há demasiado tempo. A iluminação nocturna é quase inexistente, o que aumenta o sentimento de insegurança.

Uma das queixas mais frequentes é a existência de famílias alargadas com avós, pais, filhos e netos a viverem no mesmo apartamento, apesar de haver casas vagas no Bairro! Há famílias com nove ou dez pessoas, onde se incluem bebés e crianças, amontoadas, como sardinhas em lata, num T3. Este problema já é antigo! Existe há cerca de uma década e tem sido denunciado pelo BE na Assembleia Municipal.

Há alguns anos atrás, alguns jovens casais, em protesto contra esta situação, montaram um acampamento nos espaços exteriores e chamaram a comunicação social. E não esquecemos que a resposta da Autarquia de F. Ruas foi mandar a polícia desmontar as tendas e desmobilizá-los à força. Mais recentemente, uma mãe com duas crianças a dormirem numa passagem entre dois blocos no Bairro da Balsa, foi desalojada à força, sem que nenhuma instituição responsável lhes resolvesse definitivamente o problema.

Quando os moradores de etnia cigana se manifestaram, recentemente, contra o presumível realojamento de famílias ciganas a viverem em barracas há 27 anos, em Teivas, fizeram-no não por quererem discriminar essas famílias, mas por considerarem que o Bairro já não responde sequer às necessidades das famílias que se amontoam nos apartamentos.

É evidente, que a Câmara Municipal de Viseu continua a não ter uma política diferente, mais eficaz e mais moderna de habitação social. Desaloja famílias há décadas a viver em barracas, enfiando-as todas em Paradinha, um bairro transformado deliberadamente num “gueto” da etnia cigana. Não há um único cigano no Bairro da Pomba, por exemplo!

A Habisolvis pratica “limpeza étnica” ao transferir pessoas de um lote para outro, de forma a ficarem blocos com predomínio de uma só etnia. Por isso, nem os próprios ciganos querem ir viver para Paradinha. Têm direito a habitação social, porém têm o dever de não querer que os seus filhos cresçam num gueto. Falta sensibilidade e bom senso na gestão da habitação social!

Há o caso de uma família de etnia cigana que inscreveu o filho na Escola Básica da Ribeira, por fazer
questão que este tenha uma educação inclusiva e multicultural, o que não aconteceria se ele fosse para a Escola de Paradinha, onde não há uma única criança que não seja de etnia cigana!

Isto mostra não ser verdade que não há motivações racistas nas recentes manifestações de alguns moradores da povoação. Na verdade, os problemas de furtos em residências de Paradinha, são provocados, como reconhecem os próprios vizinhos, por dois ou três casos graves de jovens do Bairro com problemas psicossociais, diagnosticados e sinalizados desde criança. Um deles, esquizofrénico, dorme num buraco de arrumos no patamar de um bloco de apartamentos, porque nem o próprio pai aguenta os seus comportamentos violentos. Todas as instituições responsáveis os conhecem, mas nada fazem e, assim, deixam que o estigma continue a afectar toda uma comunidade e um bairro inteiro.

No relatório da ONU sobre a Habitação Adequada no Mundo, de Março deste ano, Portugal está referenciado como um país onde apenas existem 120 mil fogos de habitação social para pessoas com fracos recursos económicos, resultando que 57% da população entre os 18 e os 34 anos continue a viver em casa dos pais. O mesmo relatório critica ainda (e bem!) o Governo e os Municípios por políticas de habitação social crivadas pela “criação de opções de habitação privadas, baseadas no mercado”.

Para o BE e os seus candidatos, a solução implica que a Autarquia comece a ter uma verdadeira política de habitação social. Uma política que privilegie o diálogo com os moradores e crie pontes de comunicação, como são os mediadores culturais de etnia cigana, que em muitos municípios do país são essenciais para a facilitação da resolução de diversos problemas: na escola, nas instituições de saúde e nos bairros, etc.

Para o BE e os seus candidatos é necessária a criação de habitação social disseminada pelo Concelho, sem o recurso exclusivo a bairros/guetos, que acentuam e acumulam problemas, desigualdades e frustrações de quem aí vive e que o que deseja para a sua família é o exercício efectivo do direito a uma cidadania completa.

Unknown

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