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Exclusivo: Entrevista a Cuca Roseta – ExpoMontemuro, Cinfães – “A nova voz do fado”
terça-feira, 22 de julho de 2014 Publicado por Unknown

A ExpoMontemuro foi a inovação deste ano da Câmara Municipal de Cinfães que tem como base a Feira do Vinho com mais de duas décadas de história. A grande aposta neste certame preencheu vários dias com as mais diversas atividades, entre elas, os concertos de nomes bem conhecidos dos portugueses. Cuca Roseta foi um desses rostos. E o João Pereira, não quis perder a oportunidade de falar com Cuca sobre tudo um pouco. Cuca contou-nos porque se chama “Cuca”, falou de Cinfães e das gentes da região, afirmou que o fado é a sua vida e do caminho que a levou ao fado. Qualificou a experiência no “Rising Star” da TVI como gratificante e desvendou que vem aí um novo disco, que ainda não tem nome, mas que vai ser gravado em Outubro e será lançado em Março. No fundo, Cuca contou-nos a sua vida… que é o fado! Houve ainda tempo para ver o Sabonete de Arêgos, de terras resendenses, chegar à mão de Cuca!

João Pereira – Olá Cuca. E por falar em Cuca, de onde vem o nome “Cuca”? Não é o seu nome «verdadeiro», pois não? Quer-nos contar essa história?

Cuca Roseta – Não é o meu nome verdadeiro porque em Portugal não é permitido usar-se “Cuca”, porque, na verdade, é o meu nome verdadeiro. Eu tenho três irmãs mais velhas, a Ana, a Inês e a Rita e a minha mãe não estava à espera de ter mais uma rapariga, queria ter um rapaz e achava que era rapaz e então só tinha nome para rapaz. Quando eu nasci fiquei sem nome e a minha mãe diz que a minha irmã, a mais nova das três, começou a chamar-me “Cuca”, ao bebé. Depois registaram “Isabel” porque não podia ser “Cuca” mas desde aí que me chamam assim, ninguém me chama “Isabel”, por isso é mesmo o meu nome verdadeiro.

JP – Já tinha estado em Cinfães? O que acha desta região? 

CR – Bem… eu adorei! Às vezes as pessoas acham que nós dizemos isto em todo o lado, mas não. Este público é realmente incrível, para aí há um ano que não tinha um público assim. As pessoas gostam de música, gostam de fado e sobretudo, valorizam a música. É um público muito feliz: estiveram sempre a dançar, a cantar, a bater palmas… são fantásticos e fiquei mesmo feliz. Os músicos disseram-me o mesmo!

JP – É muito importante para si estes concertos? É muito importante cantar ao vivo?

CR – Eu acho que é muito importante estar com as pessoas, o poder partilhar… quando se canta e quando se faz música é como… eu costumo dizer que quando quero ter um refúgio acabo por procura-lo na arte e nós que fazemos arte temos essa responsabilidade também de fazer aquilo que aconteceu hoje: de dar momentos felizes às pessoas, em que as pessoas cantam, dançam, riem… E por isso é muito importante para nós e para as pessoas também ter estes momentos de cumplicidade com a arte.



JP – Sei que não havia nada que sugerisse que um dia o fado viria a ser a sua vida. Disse numa entrevista:”O fado foi uma coisa que nunca me interessou, que eu não conhecia. Nós somos portugueses, mas não conhecemos a nossa própria música. E quando eu fico a conhecer esta música, há uma ligação e uma paixão que me faz pensar que eu quero cantar fado o resto da vida”. Porquê o Fado? Quando é que descobriu que era Fado que queria cantar para o resto da vida?

CR – Eu não nasci num bairro de Lisboa. Eu nasci na praia, perto da praia e apesar de ser uma pessoa muito espiritual, eu cresci numa família em que só havia música clássica, o lírico. E então, eu acho que a música clássica dá-nos sempre uma abertura para ouvirmos todo o tipo de música e talvez tenha sido por isso que eu tenha tido uma paixão ou um amor à primeira vista quando ouvi fado pela primeira vez ao vivo. Quando eu ouvi pela primeira vez fado ao vivo, encontrei nele a minha paixão e a minha inspiração. Eu escrevia muito na altura e então comecei a ir ouvir fado para minha inspiração e depois fui crescendo dentro do fado, foi crescendo está ligação ao fado até o fado se tornar a minha vida. E hoje em dia eu acho que nasci para cantar fado, é a minha grande paixão e jamais cantaria outro género musical.

JP – Colaborou durante algum tempo com os Toranja, de Tiago Bettencourt. Como surgiu essa oportunidade?

CR – Eu e o Tiago eramos grandes amigos desde pequeninos. Nós moramos muito perto e também fizemos parte do mesmo coro de igreja e os nossos amigos eram comuns. Quando o Tiago começou a fazer a primeira banda pediu-me logo para fazer backing vocals e foi aí que eu tive o meu primeiro contacto com o mundo do espetáculo.



JP – Em 2006 participou no Festival da Canção com a música “As minhas guitarras”. Foi um momento importante da sua carreira?

CR – Foi… eu acho que todas as experiências que nos passam na vida, principalmente na televisão, são sempre experiências que nos dão traquejo. Quanto mais vezes vamos, aprendemos a falar, a estar. É muito difícil uma pessoa se expor, não é nada fácil. Eu também sou uma pessoa que fui sempre tímida, reservada, apesar de ser artista e, por isso, acho que foram precisos todos esses passos para me habituar a essa exposição. E o convite foi feito pelo Ramón Galarza que eu cresci a conhece-lo e foi com muito carinho que eu cantei essa música.

JP – O seu primeiro disco foi produzido por Gustavo Santaolalla, vencedor de dois óscares e vários grammy’s. Como é que conheceu o Gustavo e como é que começou esta aventura de ser ele o produtor do seu primeiro disco? Foi inesperado a proposta do Gustavo para produzir o disco “Cuca Roseta”?

CR – Foi inesperado mas foi muito engraçado porque eu na altura estava a estudar psicologia e o fado já era a minha inspiração mas eu não queria fazer dele vida porque achava que a música era um grande risco… E eu já cantava numa casa de fado por isso já acabava por partilhar com as pessoas que ouviam. Eu já tinha tido várias propostas para gravar discos e eu não quis porque queria acabar o meu curso de psicologia e já fazia o que eu gostava que era cantar fado e entretanto por não ter aceite as outras três propostas, apareceu a quarta que foi a do Gustavo Santaolalla e foi um ensinamento para a vida: às vezes se nós não agarrarmos a primeira oportunidade que aparece, talvez se fizermos as coisas com mais calma, aparecem coisas melhores. O Gustavo apareceu e foi completamente irrecusável a proposta que ele me fez, ele é um dos maiores produtores do mundo e era também uma honra para Portugal ter um convite que ganha tantos prémios no mundo.

JP – Sei que está ligada a outras áreas artísticas, tais como a pintura ou o taekwondo (cinturão preto)… Mas se tivesse que escolher entre todas estás áreas (pintura, taekwondo ou música), qual escolhia? Era a música?

CR – Sim… é assim: cada uma dessas experiências me traz algo diferente e eu acho que todas elas é que me dão equilíbrio. Por exemplo, o taekwondo e o desporto dão-me muito equilíbrio, a pintura também e eu preciso muito de quando chego a casa, depois de andar pelo mundo a viajar, destes refúgios. Hoje em dia o meu refúgio já não é o fado porque o fado é a minha vida, é a pintura e o piano porque eu gosto muito de chegar a casa e pintar ou tocar piano.



JP – Como é que foi a escolha entre a Psicologia e o Fado?

CR – Eu acho que foi a vida que me levou para a música porque como eu dizia há pouco a música era a minha paixão mas a psicologia era o meu caminho, e eu adoro psicologia também e queria acabar o curso e achava que podia fazer as duas coisas. Quando terminei o curso em psicologia eu queria naturalmente trabalhar em psicologia mas comecei a trabalhar a cantar fado, comecei a viajar tanto e sempre a pensar «para o ano começo a trabalhar, para o ano começo a trabalhar» e nunca consegui, já passaram dez anos e eu continuo sempre a cantar (graças a Deus, tive muitos concertos e pelo mundo inteiro) e foi aí que eu percebi que a minha vida não era a psicologia, era o fado e agora já não ia desistir de cantar o fado para trabalhar em psicologia porque eu estou a fazer aquilo para o qual nasci. O fado é a minha pele, sou eu mesmo.

JP – Escreveu já várias letras de fados que canta. Como por exemplo “Homem português” ou “Nos teus braços”. É mais reconfortante ainda cantar um fado que foi a Cuca a escrever?

CR – Sem dúvida. Eu comecei a cantar fado à procura de poemas que contassem a minha história porque eu acho que o fado é a nossa verdade e nós temos que procurar poesias que contem a nossa história, a nossa experiência de vida para conseguir passar essa verdade. E hoje em dia, ainda há pouco estava a comentar com os meus músicos e o meu manager, é muito difícil encontrar poemas que sejam tão genuínos ou tão verdadeiros ou tão puros como os meus porque os meus contam realmente a minha história de vida. Mesmo que os meus poemas nunca cheguem aos pés de algum grande poeta como Fernando Pessoa, Luís de Camões ou Florbela Espanca, o que é facto é que eu me sinto mais em mim e dou mais de mim quando canto as minhas próprias letras.

JP – Como é que está a ser a experiência no programa televisivo da TVI “Rising Star”? Como surgiu o convite para estar como jurada neste programa de música?

CR – É muito interessante estar do lado de lá porque eu já estive exatamente no lugar deles quando comecei e também já tenho alguns anos de experiência e é muito bom poder partilhar aquilo que já vivi e já aprendi com pessoas que estão a começar. E depois aquilo é uma família e nós criamos uns laços gigantes, todos dentro da música, partilhamos todos a mesma arte e é lindo porque está sempre toda a gente a cantar nos bastidores, por exemplo. Todos eles são fantásticos, têm vozes maravilhosas. É uma experiência muito gratificante.

JP – Depois do primeiro disco “Cuca Roseta” em 2011, lançou no ano passado o seu segundo disco, intitulado “Raiz”. Há novos projetos em mente para breve?

CR – Há, estou a começar a gravar o meu primeiro disco que ainda não tem nome e vai ser gravado com um dos maiores  produtores do Brasil, o Nelson Motta e é também, mais uma vez, uma sorte imensa! Vou gravar em Outubro e o disco deverá sair em Março do próximo ano.

JP – Aquando da pesquisa da sua biografia encontrei várias vezes a frase “Eu quero simplesmente cantar” ou “Eu quero cantar fado para o resto da vida”. O fado é e vai ser sempre a sua vida? É uma certeza?

CR – É uma certeza, sem dúvida alguma. É aquilo que me faz feliz em cada dia. Eu não desejo, não crio expetativas de nada, não tenho nenhum sonho… o meu sonho eu realizo todos os dias cada vez que tenho um concerto como tive aqui em Cinfães hoje. Cada vez que canto fado, cada vez que partilho esta arte, eu estou a realizar o meu sonho.

JP – Muito obrigado, Cuca!

CR – Muito obrigada!

Unknown

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