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REGIÃO: Baião: Recuperação de capela dá novo tesouro patrimonial a Baião
terça-feira, 23 de julho de 2013 Publicado por Unknown

Foi com devoção, mas também com alegria e boa disposição, que os habitantes de Telões, na freguesia de Loivos do Monte, visitaram o “tesouro” ali existente: a Capela de Santa Comba, recentemente alvo de restauro no seu interior e de beneficiação dos espaços exteriores. Esta intervenção, iniciada em 2012, permite a qualificação de mais um elemento do património concelhio, bem como a conservação de importantes frescos provavelmente datados de finais do século XV ou de princípios do século XVI encontrados na capela aquando do início das obras de restauro do imóvel. A solução de restauro encontrada para aquele local permite que os frescos, localizados por detrás dos retábulos da capela, possam ser apreciados pelos visitantes da capela.

Na tarde de 21 de Julho, perante muitas dezenas de habitantes do lugar e de cidadãos emigrantes que, sendo naturais dali, escolhem a época de verão para “matar saudades” da família e do lugar de origem, o primeiro a usar da palavra foi o pároco Joaquim Ribeiro. Em representação da Comissão Fabriqueira de Loivos do Monte, este responsável eclesiástico transmitiu ao público de forma detalhada a natureza dos trabalhos realizados e os custos inerentes à obra. Manifestando uma “alegria acrescida” pela realização daquela obra, o pároco Joaquim Ribeiro formulou vários agradecimentos. Enalteceu “o interesse e o empenhamento” na realização da obra demonstrados pela população do lugar de Telões, “a perícia, o trabalho e a minúcia” dos técnicos de conservação e restauro a quem coube a intervenção nos frescos e no retábulo da capela e, por fim, destacou o papel de “autêntico mecenas” assumido pela Câmara Municipal de Baião.

A intervenção representou um investimento total de 39 mil e 172 euros (incluindo IVA), tendo a Câmara Municipal de Baião comparticipado com cerca de 30 mil euros. O restante valor foi suportado por diversas entidades, como a Junta de Freguesia, a Comissão Fabriqueira e cidadãos a título particular.



AS “DOUTORAS” DAS PINTURAS

O entusiasmo e o incentivo dados para a realização daquela beneficiação por parte de José Luís Carneiro foram também enaltecidos pelo pároco. “José Luís Carneiro acreditou que esta obra era possível e transmitiu esse entusiasmo as pessoas. Isso vale tanto ou mais do que o financiamento da obra”, observou.

A palavra coube de seguida aos técnicos de conservação e restauro a quem foi confiado o delicado trabalho de recuperação daquele importante património. Alexandre Maniés ocupou-se da beneficiação dos retábulos e explicou que a sua principal preocupação residiu em respeitar o que existia. “Temos que respeitar o património que nos é dado como herança pelos nossos antepassados. Devemos cuidar dele e preservá-lo o mais possível, pois só assim teremos algo para transmitir aos vindouros”, observou.

À conservadora / restauradora Alexandra Joaquim coube, em conjunto com Elvira Barbosa, a tarefa de conservar e restaurar os frescos encontrados numa das paredes da capela. “Estas pinturas datam provavelmente do início do século XVI. São fruto do trabalho de bons artistas e surgem devidamente datadas, legendas e marcadas por um estilo próprio”, explicou Alexandra Joaquim, segundo quem este tipo de pinturas são geralmente encontradas na região entre Amarante e Vila Real.

Alexandra Joaquim explicou que o trabalho desenvolvido na capela de Telões consistiu numa abordagem “muito lenta e cuidada de consolidação da pintura”. As paredes da capela apresentavam muitos “ocos” nos quais as técnicas tiveram que injetar “massa” para preencher as camadas mais frágeis da pintura. Socorrendo-se de seringas e algodão para a execução do trabalho que contemplou também a limpeza de grandes camadas de pó que encobriam os frescos, Alexandra Joaquim e Elvira Barbosa receberam o título de “doutoras das pinturas” por parte da população local que acompanhou a intervenção com interesse.

“Há realmente povos diferentes. Sítios onde somos especialmente bem recebidos e onde o amor que as pessoas sentem pelo que é seu se sente de forma especial. Já corremos o país e as ilhas de norte a sul e este foi dos locais onde fomos melhor recebidas”, declarou Alexandra Joaquim. Esta técnica elogiou ainda o empenho da Câmara Municipal de Baião na valorização e na proteção do património municipal. “É um prazer ver uma Câmara Municipal tão proactiva na valorização do património e que possui sensibilidade sobre o modo como há-de proceder à valorização das suas riquezas”, concluiu.



SABER OUVIR

A declaração final coube ao presidente da Câmara Municipal de Baião, José Luís Carneiro, que se mostrou “orgulhoso” pela intervenção realizada na Capela de Telões. “Desde a primeira hora que as populações me transmitiram a necessidade de recuperar este elemento do património da freguesia. Se alguma qualidade nos pode ser apontada é a de sabermos ouvir a opinião dos cidadãos e de sermos capazes de concretizar projetos importantes para o desenvolvimento e a valorização do nosso concelho”, frisou.

José Luís Carneiro mostrou-se ainda convicto de que a obra terá o condão de contribuir para o desenvolvimento do concelho, porque passará a estar integrada na estratégia de promoção turística e cultural de Baião. “Tenho a certeza de que muitos turistas vão gostar de visitar este espaço para poderem apreciar o valor do património que aqui temos diante de nós. Dessa forma iremos contribuir para que os visitantes permaneçam mais tempo nosso território”, notou.



A DESCOBERTA DE UM ACHADO

No âmbito da política de apoio à conservação e restauro do património religioso, a autarquia baionense atribuiu, em 2012, à Comissão de Fábrica da Igreja Paroquial da freguesia de Loivos Monte, um subsídio no valor de 16 mil e 200 euros destinado ao restauro dos altares da Capela de Santa Comba, situada no lugar de Telões, freguesia de Loivos do Monte.

Aquando da remoção dos altares da Capela encontrou-se a pintura mural na parede fundeira da capela-mor e segundo a opinião de técnicos competentes na área do património, estaríamos perante património de elevado valor.

A Comissão de Fábrica da Igreja Paroquial da freguesia de Loivos do Monte, com o apoio da Direção Regional de Cultura do Norte, - após este “achado” que se julgava precioso, desenvolveu os procedimentos necessários para a contratação de técnicos conservadores - restauradores de arte. E, eis que o “Tesouro” se confirmou. Desenrolaram-se então os trabalhos de conservação e restauro dos frescos e dos restauros, bem como a reabilitação interior e exterior da capela, para os quais a Câmara de Baião contribuiu com 30 mil euros.

A tarefa de conservação dos frescos coube à conservadora - restauradora, Alexandra Joaquim auxiliada pela técnica Elvira Barbosa. Juntas levaram a cabo um trabalho cirúrgico de reabilitação da pintura mural e concluíram que a mesma data provavelmente, dos princípios de finais do século XV ou de princípios do século XVI, tratando-se de uma pintura a fresco, que retrata 3 figuras sagradas, muito comuns da Oficina nº 2.

Esta oficina desenhava sempre três imagens centrais, os rostos destas em forma oval a culminar em bico, utilizavam sempre o mesmo tipo de letra, ornamentavam a pintura mural de acordo com espaço disponível.

A pintura mural a fresco, com cerca de 2,77 x 2,44 m, é composta no centro pela figura de Santa Comba que é representada de frente, olhando o espectador, segurando o palmito com a mão direita que aponta para o livro que segura com a esquerda. É ladeado, junto à cabeça, por legenda de grandes letras “SÃTA” à esquerda e “CÕBA” à direita. Do lado do Evangelho uma figura uma figura feminina de frente mas com o olhar para baixo, segura o menino com a mão esquerda e não se consegue identificar o que tem na mão direita. Do lado oposto S. Sebastião, da mesma altura da imagem central apresenta leve torção do rosto para a esquerda e a perna direita fletida.

Entre as três imagens observam-se pequenos arbustos e no cimo da pintura 4 estrelas, que para Alexandra Joaquim significam o céu, logo o teto da antiga ermida. “Supõe-se que a atual Capela fora uma pequena ermida e um local de culto da população daquela aldeia, aumentada e transformada em Capela”, acrescenta a conservadora.



Esta pintura apresenta elementos com muitas semelhanças à pintura mural da parede fundeira de Santa Marinha de Vila Marim, concelho de Mesão Frio, características da Oficina nº 2.

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