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Hélder Amaral: «Jovens que mudam nações»
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011 Publicado por Unknown

Hélder Amaral
Deputado do CDS-PP
O processo revolucionário chegou ao Mundo Árabe. De repente, e quase sem que nada o adivinhasse, os jovens árabes escolheram, e preferem, o Facebook às Kalashnikov, a liberdade à opressão, viver em vez de morrer como mártires. Abdicaram das sete virgens por um mundo de incertezas. Merecem a nossa admiração. Outra curiosidade: habituámo-nos a ver manifestações antiamericanas nestes Países, com queima de bandeiras e fotografias de líderes americanos; estas são manifestações anti-regime - no caso do Egipto, com apoio americano. É evidente que os riscos são enormes: tudo depende de como Europeus, Americanos, Israelitas e Movimentos Árabes Democráticos serão ou não capazes de ajudarem na busca de um rumo diferente para estes Países, valorizando a democracia, o crescimento económico, a liberdade de participação politica e a relação estável entre nações. Todo o cuidado é pouco. Demasiada intromissão externa pode ser contraproducente.

Mas o que se está a passar na Líbia é diferente, como seria de esperar, do que sucedeu na Tunísia e no Egipto. Onde se espera por eleições antecipadas, evitando um vazio de poder em que populistas, ou os mais radicais, encontrem terra fértil, há um outro lado: às vezes, como no Egipto, alguém bem conhecido, ou talvez não, como El Baradei. Mas há o perigo da Irmandade Muçulmana e da Al-Qaeda. Diferente destes casos, mas com o mesmo fermento, temos a Líbia de Khadafi. Exactamente: o amigo do nosso Primeiro-ministro, o País que Sócrates diz ser um parceiro estratégico para Portugal. Dizia o nosso Primeiro-ministro: “Temos de diversificar as nossas exportações, e a Líbia é um dos nossos parceiros estratégicos”. As democracias devem relacionar-se com democracias; mas o governo Português optou pela Líbia ou Venezuela. Bem sei que “em tempo de guerra não se limpam armas”, mas convém escolher com cautela os nossos amigos – e, já agora, os nossos parceiros estratégicos. Apostar em ditadores não tem sido um bom investimento.

Sabemos que há ditadores amigos, e ditadores que preferem capitular em vez do caos total, mas Khadafi, ao contrário de Ben Ali e Mubarak, até agora demonstra que irá fazer tudo para manter-se no poder, e a repressão tem feito sentir-se sobre os manifestantes. Ao contrário da Tunísia (França) e do Egipto (Estados Unidos), o regime líbio não tem nenhum aliado que lhe possa retirar o tapete (o apoio). Apenas a pressão internacional e a denúncia da violência podem ajudar a controlar os ímpetos repressivos de Khadafi. Há, no entanto, alguns sinais de homens de boa vontade, como o que foi dado pelos diplomatas Líbios, ao denunciaram na ONU a repressão que o povo líbio está a sofrer às mãos do ditador Khadafi. E dois pilotos da força área desertaram, ao recusarem-se a bombardear os manifestantes. Existem ainda os emigrados e intelectuais, que apelam à transição para um regime democrático. Isto poderá querer dizer que estará prestes a ruir um poder ditatorial de 40 anos. Pode ser que a esperança tenha algum espaço para crescer.

A história acelerou, com a velocidade da internet e a irreverência da juventude (por cá discutimos se os jovens são rasca ou se estão à rasca). Bahrein, Líbia, Iémen, Marrocos, Irão, Jordânia, Síria, contam com uma juventude de ambos os sexos na rua , com idades médias por volta dos 25 anos, que procuram assumir-se como os senhores do seu destino. Pelo menos nada ficará como antes, ainda que me pareça que as mudanças ficaram aquém das expectativas. Mas o problema é das expectativas: a Europa demorou séculos a consolidar democracias. O Médio Oriente pode gerar alterações singificativas, com a força da sua juventude. Se os ventos de mudança forem favoráveis, poderão navegar para níveis de crescimento económico, intelectual e tecnológico notáveis. Não será contudo fácil, mas é possível. Veremos se conseguem ultrapassar os constrangimentos de uma sociedade civil quase inexistente, de fortes bloqueios religiosos, com a Al-Qaeda e seus grupos extremistas sempre activos e atentos. As revoluções e mudanças politicas são sempre imprevisíveis no seu sentido e na sua estabilidade: são uma oportunidade para corrigir ou para piorar, mas pelo que nos é dado a perceber uma parte substancial das Sociedades Árabes parece querer mudar para melhor. Um excelente exemplo para a nossa juventude e para nossa sociedade, sempre tão instalada e incapaz de se mobilizar para um futuro melhor.

Hélder Amaral
Deputado do CDS-PP

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