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Por Unknown | sábado, 5 de março de 2016 | Publicado em , , | Com 0 comentários
Foi numa tarde de sábado entre o barulho do constante “tirar de cafés” do “Rabelo” em Cinfães e as conversas paralelas das pessoas presentes que João Pereira entrevistou o Diretor das Produções Pedro Sá & Tânia Sousa, o próprio Pedro Sá. Realizador de filmes como “Mistérios do Paço”, “Aquela Pastora Não Me Larga” ou “Lendas da Treta”, o Técnico de Multimédia sonha um dia poder formar-se na área do cinema e fazer um filme de grandes dimensões. Desde a origem do projeto, passando pela importância que têm os colegas e os amigos nas produções, pelos apoios que têm tido, pela importância que têm os jovens do interior estarem ligados a novos projetos e novas ideias e não esquecendo um olhar pelo futuro, Pedro Sá conta tudo sobre a sua paixão cinematográfica e deixa uma mensagem de luta e persistência pelo seu sonho.

João Pereira (JP) - Como surgiu a ideia de criar este projeto?

Pedro Sá (PS) - Este projeto surgiu no ano de 2014 com um grupo de amigos que me sugeriram a ideia de fazer cinema. Começamos pelo vídeo, na altura, realizando um documentário sobre o Rio Bestança intitulado "À descoberta do Bestança" para mostrar as paisagens do Concelho de Cinfães, foi esse um dos primeiros objetivos. Dos vídeos, aos filmes foi um pequeno passo porque houve muita gente a aderir e então decidimos criar uma equipa com vista a realizar o primeiro filme.


JP - As pessoas, entre colegas e amigos, foram um grande impulso para conseguir concretizar estes projetos?

PS - Sim, os colegas foram o principal impulso até porque sem eles era impossível realizar as produções. Inicialmente decidi trabalhar sozinho na parte documental mas quando decidimos partir para os filmes  foi uma grande ajuda termos os colegas e amigos que com o passar do tempo eram cada vez mais.


JP - São mais de trinta elementos que fazem parte das produções do Pedro Sá e da Tânia Sousa e calculo que muitos de vocês tenham de abdicar algumas vezes de outras coisas que gostam de fazer para poder realizar este tipo de trabalhos. Numa área mais pessoal, como é que a vossa família olha para este vosso trabalho?

PS - Sim, é verdade, nós abdicamos de muitas coisas. Por exemplo, no ano passado as filmagens foram feitas durante o verão, os atores e outros elementos do grupo podiam estar no rio ou na piscina ou em qualquer atividade mas preferiram estar a fazer parte deste trabalho. Quanto à família, tanto a minha como de todos os elementos da equipa foram os nossos principais apoiantes no começo e continuam a ser.



JP - Como é que aconteceu e continua a acontecer a recruta de todas as pessoas que participam nestas produções?

PS - Inicialmente começamos com um grupo pequeno, depois os pedidos para fazer parte foram surgindo e neste momento são muitas as pessoas a pedir para entrar. Às vezes também encontramos uma ou outra pessoa que achamos que pode ter “jeito” para esta área e convidamos a pessoa. No entanto, a maior parte vem perto de nós e pede para fazer parte. [São todos jovens do concelho de Cinfães?] Sim, são todos jovens cinfanenses entre os 10 e os 20 anos de idade. Neste novo trabalho vamos contar até com mais velhos.


JP - A faixa etária dos atores que participam é alargada, abrangendo crianças, adolescentes e adultos. Como é que vê a ideia dos mais jovens a trabalhar com os mais velhos? 

PS - Por vezes é um difícil com os adolescentes porque é uma idade complicada [risos], mas vejo que quando eles gostam do que fazem, há muitas diferenças e acho que é uma boa forma de eles ocuparem o tempo livre porque às vezes andam aí na rua sem atividades para fazer. Até da parte da escola, temos sido apoiados pelos professores e têm-nos dito que é uma boa ideia trabalhar com eles.


JP – Pelo que posso perceber, há muitos participantes nos filmes ainda em idade escolar. Para além de tudo aquilo que é a escola e o ensino no nosso país, há cada vez mais um olhar para as atividades extra curriculares que significam muito para os alunos?

PS - Sim. Neste momento até fomos convidados pelo Agrupamento de Escolas E.B. 2/3 General Serpa Pinto em Cinfães para realizar um projeto com os alunos, um projeto de curtas-metragens. Já no ano anterior realizamos uma que venceu recentemente o primeiro prémio a nível nacional juntamente com uma Escola de Coimbra e outra dos Açores. Foi muito bom trabalhar nesse projeto e mais uma vez mostramos que Cinfães pode estar marcado no mapa a nível do cinema. Foram muitas escolas a participar e nós trouxemos um prémio para Cinfães.


JP - O Projeto Pedro Sá e Tânia Sousa Produções já tem no seu currículo vários filmes e várias produções. Gostava que descrevesse estas produções que já realizaram.

PS - O documentário "A descoberta do Bestança" surgiu porque é uma das zonas que gosto mais no concelho de Cinfães e sempre quis fazer um trabalho sobre essa zona. É um vídeo onde mostramos o rio desde a nascente até à foz. Depois, o primeiro filme que realizamos foi na Quinta do Paço, uma quinta onde desde pequeno pensava em fazer um projeto. Sempre quis trabalhar lá e até já tinha feito uma exposição fotográfica da zona e decidimos fazer lá um filme de aventura sobre a riqueza cultural que existia na Quinta do Paço, sendo esse o primeiro trabalho que realizámos a nível de filme. Depois partimos para a comédia a pedido de muita gente aqui de Cinfães e fizemos o filme "Aquela Pastora Não Me Larga", um filme que teve como pano de fundo a Serra do Montemuro. No verão do ano passado, em 2015, voltamos ao Rio Bestança e produzimos o filme "Lendas da Treta". Neste momento estamos a trabalhar num novo projeto cinematográfico, o "Isso Querias Tu" onde vamos continuar no género de comédia que deverá ser lançado na altura do verão.



JP - Como é acontece o processo de produção destes filmes? 

PS - Inicialmente começamos por pensar no local onde se via desenrolar a história, depois começamos a escrever o guião, eu, a Tânia e ajuda de alguns membros da equipa. A escolha das roupas que as personagens vão utilizar vem logo a seguir e depois temos ao mesmo tempo a parte do início da divulgação dos projetos, principalmente a nível online.


JP - Nos dias de hoje a divulgação online, quer nas redes sociais quer em sites, é cada vez mais importante?

PS - A divulgação online é a nossa arma de divulgação, apesar de termos flyers e cartazes que também nos ajudam a dar a conhecer os nossos projetos, não há nada como um blogue, como a nossa página oficial, como o nosso canal no youtube, onde temos tido muitos seguidores.


JP - A comunicação social é importante na divulgação do vosso trabalho?

PS - Sim, é muito importante! É talvez a parte principal da divulgação. Já nos tentamos inscrever em alguns programas e concursos televisivos e estamos à espera de algumas respostas.


JP - Depois de todo este trabalho de produção e realização, há talvez a parte mais importante, que é a apresentação dos vossos filmes. Por onde é que já têm passado as vossas produções cinematográficas? 

PS - Normalmente, estreamos sempre os filmes no concelho de Cinfães, no Auditório Municipal. É a nossa casa mãe, onde gostamos mais de estrear e temos sido bem acolhidos pela Câmara Municipal, mas também já passamos por outros locais como as Freguesias de Nespereira, Piães e nos Concelhos de Resende e Castelo de Paiva. Neste ano de 2016, gostaríamos de poder apresentar os nossos trabalhos em algumas cidades, ainda não temos a certeza dos sítios mas estamos a trabalhar nisso.


JP - Depois da divulgação dos filmes em auditórios de vários locais, também acabam por os disponibilizar online?

PS - Sim, nós divulgamos os projetos no nosso canal oficial no youtube, onde pessoas de todo o mundo podem ter acesso. Algumas pessoas assistem aos filmes nos locais físicos e depois voltam a rever online!


JP - Este tipo de projetos requerem gastos, como é que vocês vão conseguindo juntar verbas que vos permitam realizar os vossos filmes?

PS - Nós temos alguns amigos e patrocinadores que nos vão ajudando. Começamos com dois patrocinadores e ultimamente já temos conseguido mais alguns. São ajudas pequenas mas que juntas são uma grande ajuda. Para além dos patrocinadores, vamos tentando dividir as despesas entre a equipa para conseguir realizar o projeto.



JP - Por vezes, as dificuldades económicas limitam o seu trabalho?

PS - Muito! Por exemplo, eu já tive ideias de fazer filmes fora daqui (dentro do concelho, mas fora da vila) e não consigo porque não tenho transportes. Nos filmes que realizei até agora todos os elementos foram transportados no meu carro e fica muito caro o combustível o que me limita as gravações a um certo local. [Também o poder central, nomeadamente o Governo através do Ministério da Cultural deveria olhar com outros olhos para estas iniciativas?] Sim, principalmente para quem não tem contactos e está a iniciar nesta área porque é muito complicado para quem não tem formação em cinema, para quem não tem meios económicos poder começar a trabalhar quando não tem qualquer apoio. É muito difícil trabalhar assim!


JP - A nível de apoios, é o Município um dos principais incentivos aos vossos projetos?

PS - Sim. A nível de incentivos a Câmara Municipal de Cinfães ajuda-nos muito. A nível monetário sabemos que é mais complicado, mas a outros níveis têm estado connosco.


JP - Como já referiu, a maior parte dos trabalhos realizados pelo Pedro Sá & Tânia Sousa Produções foram feitos no Concelho de Cinfães. Percebe a importância que tem os jovens divulgarem o seu concelho?

PS - Sim, eu sinto muito essa importância. Nós temos uma zona rica em paisagens e muitas vezes noto que as pessoas procuram os nossos filmes pelo local onde estão inseridos. Têm sido muitas as pessoas que assistem aos nossos filmes por causa dos locais onde são gravados.


JP - Olhando agora para o futuro próximo, já desvendou que o Pedro Sá & Tânia Sousa Produções estão a desenvolver um novo trabalho. Quando é que vão começar a produzi-lo?

PS - Terminámos o guião deste novo trabalho a semana passada e neste momento está a ser distribuído pelas personagens. Já estamos a tratar do guarda-roupa, dos locais de gravações e estamos à espera que o tempo melhore para começar as gravações.


JP - Como é que se chama esse trabalho e de que género se trata?

PS - Este novo filme chama-se “Isso Querias Tu” e é uma comédia. [Porque é que têm optado por realizar filmes de comédia? É a forma mais fácil de chegar as pessoas?] Sim, nós gostamos muito de outros temas mas reparamos que desde que fizemos a primeira comédia que o tema preferido aqui em Cinfães é a comédia e as pessoas dizem-nos muitas vezes que querem mais comédia. Acho que o país neste momento precisa de ver filmes de comédia e é uma boa maneira de divulgar, muitas vezes, a história das nossas regiões.


JP - O país tem passado de facto por algumas dificuldades a nível social e económico. O Pedro percebe a importância que tem os jovens criarem novos projetos, novas ideias, num concelho como Cinfães, que é o interior do país e onde os cidadãos não tem as mesmas oportunidades que porventura outros portugueses têm no litoral, mais concretamente nas cidades? E por outro lado, se acha que as pessoas dão valor ao vosso trabalho na área da cultura que têm desenvolvido?

PS - É assim, as pessoas que nos têm seguido eu penso que nos têm dado o devido valor. Mas por vezes, no geral acho que não dão o devido valor, acabam por não perceber o trabalho que nós temos. Penso que as pessoas também acabam por desistir de algumas ideias que têm devido à nossa localização e acho que não o deviam fazer, que deviam lutar mais. [O trabalho deve ser contínuo para que as ideias possam resultar e para que se possa cativar as pessoas?] Sim, é preciso muito trabalho! Por vezes há coisas que não correm tão bem mas não nos podemos deixar levar e temos que continuar a trabalhar: sempre em frente!


JP - Já falamos da importância dos Municípios enquanto impulsionadores destes projetos, mas também sabemos as lacunas que há para empreendedores como o Pedro Sá poder realizar os seus trabalhos. O que pensa que poderia ser feito para haver um maior incentivo a este tipo de projetos?

PS - Neste momento acho que já está a ser desenvolvida uma coisa muito boa aqui no concelho que é podermos ter cinema no Auditório Municipal. Foi uma boa iniciativa do Município de Cinfães. Acho que mais tarde, podíamos pensar em realizar festivais de cinema, festivais de curtas-metragens para podermos divulgar o trabalho que é feito na nossa região. Há muita gente aqui que gosta de cinema e não tem o seu trabalho divulgado da melhor forma. Também gostava que o Município pudesse ajudar-nos ainda mais na divulgação e levar os nossos filmes para fora daqui, para podermos mostrar que temos bons trabalhos e levar os nossos trabalhos às cidades!


JP - Apesar de todos estes trabalhos serem realizados por uma grande equipa, sei que o Pedro é um dos grandes impulsionadores. Sei também que tudo começou com a fotografia e depois acabou por começar a fazer vídeos. Como é que isso aconteceu?

PS - Essa evolução foi mais uma experiência que eu decidi fazer. Sempre gostei de fotografia desde pequenino e nunca pensei que pudesse fugir muito daí, eu gostava mesmo de fotografia. Houve uma altura em que fiz vários vídeos no Rio Bestança, só para ver como ficaria. Gostei do resultado e desde aí que comecei também a investir na área do vídeo! Gosto muito das duas áreas, da fotografia e do vídeo e não vou desistir de nenhuma, vou continuar a trabalhar nas duas.


JP - O que é que o Pedro espera que a fotografia e o vídeo lhe venha a trazer para a sua vida?

PS - Eu gostava de fazer desta área a minha vida. Já pensei em tirar o meu curso na área de cinema/design mas neste momento é complicado porque estou desempregado. Mais tarde, se correr tudo bem, quero trabalhar nesta área e quero fazer um filme de maior escala, quem sabe com atores conhecidos.



JP - No concelho de Cinfães não é o único a desenvolver trabalhos em cinema, como é que olha para essa concorrência?

PS - É a prova de que aqui há cada vez mais pessoas a gostarem de cinema e é muito bom podermos ter colegas a trabalhar na mesma área. É bom sinal!


JP - Apesar de amadora ainda, esta “indústria” do cinema pode vir a dar frutos no Concelho de Cinfães?

PS - Tenho a certeza que sim, tem-se notado tanto nas nossas estreias como nos filmes profissionais que agora estão a passar no Auditório Municipal têm tido uma aderência muito grande. Poderá ser um marco importante para o concelho. Agora depende de todos: depende de quem organiza e também das pessoas que podem ou não acolher estas iniciativas.


JP - Para quem quiser ajudar e participar nos vossos projetos, o que tem de fazer?

PS - Basta entrar em contacto connosco através das nossas Páginas Oficiais nas redes sociais ou através de alguns membros da equipa que a informação chegará a nós.


JP - Para comerciantes, empresas ou pessoas que pretendam ajudar ou patrocinar os vossos projetos cinematográficos, como o poderão fazer?

PS - Poderá falar comigo, todos os apoios serão bem-vindos independentemente dos valores e do tipo de apoio que nos possam dar, peço que falem connosco e chegaremos a um acordo positivo para ambos.


JP - Onde é que os nossos leitores podem conhecer mais sobre o vosso trabalho?

PS - Podem visitar o nosso canal no Youtube (www.youtube.com/pedrosafotografia), o nosso Blogue (pedrosaetaniasousaproducoes.blogspot.pt) e ainda a nossa Página Oficial no Facebook (www.facebook.com/pedrosaetaniasousaproducoes).


JP - Para além de estes trabalhos em cinema, se alguém pretender convidar-vos ou contratar-vos para outros projetos em vídeo, vocês estão disponíveis?

PS - Sim, apesar de neste momento estarmos muito ocupados, mas aceitamos convites de todos os géneros, sejam videoclipes, sejam curtas-metragens. Estamos a realizar já algumas coisas desse tipo e continuamos a aceitar desafios.


JP - Pedro, num futuro médio a longo prazo, o que é que espera que o cinema possa ser em Cinfães?

PS - Eu gostava que estivesse muito mais evoluído e que existisse aqui um grande festival de cinema à semelhança do festival de Arouca, uma zona tão perto e com um festival muito bom. Essencialmente, que pudéssemos ter mais pessoas a trabalhar nesta área porque a concorrência é boa para todas as partes, ajuda-nos a trabalhar ainda mais para sermos melhores.


JP - Gostaria de acrescentar alguma coisa a esta entrevista?

PS - Quero agradecer a todos os meus colegas que estão comigo e dizer que sem eles nada era possível. Eles são o principal sustento deste projeto.


JP - Pedro, muito obrigado por esta entrevista!

PS - Obrigado.